28 de dezembro de 2010

O Parto

40 semanas. 23h20. O saco das águas rebenta repentinamente após dois dias de contracções leves e irregulares, mas incómodas.
Tomo um duche rápido, pois sempre ouvira dizer que havia tempo, mas com as águas  a sair às prestações e o meu marido a pressionar para sairmos, tal era o seu estado de nervos e ansiedade, acabou por não me servir de muito.
Foi já nas urgências da maternidade que as águas sairam por completo. Após a normal observação fui  mandada para um quarto onde ficaria a fazer a dilatação. Pedi por isso ao meu marido para ir para casa descansar. Iria certamente demorar algum tempo e eu ligaria quando a hora efectivamente chegasse .
Sempre tivera muita expectativa em relação às contrações. Seriam muito dolorosas? Vimos tantas vezes o parto retratado como um período de dor tão intensa que não conseguimos deixar de imaginar como conseguiremos suportar tudo. Mas afinal, pelo menos para mim, não foi assim tão doloroso. Durante quatro horas e meia suportei as contrações, em intervalos de tempo cada vez mais reduzidos e cada vez mais intensas. Achava sempre que ficariam piores por isso não tinha razão para não me controlar. 
Porém, às cinco da manhã, decidi chamar a enfermeira para me observar. Receava fazer a dilatação e não poder levar a epidural. Até porque sobre este ponto a decisão estava há muito tomada: na hora H, se nada houvesse em contrário que me proibisse de fazê-lo, queria levar anestesia.
Uma observação e fui recambiada para a sala de partos. Tinha já 3 dedos de dilatação. Cadeira de rodas e...aí vou eu!
Liguei ao marido, que chegou ainda antes de me ser administrada a dita epidural. Nem imagino a velocidade a que foi para a maternidade!
A partir desse momento deixei de sentir qualquer dor, embora continuasse a perceber quado vinham as contrações e quando tinha de fazer força.
Não foi um parto difícil. Achava até que tinha sido demorado, porque estive imenso tempo a fazer força, mas a médica deu-me os parabéns porque até foi bastante rápido para um primeiro filho.
Na verdade dei entrada na sala de partos à 5h25 e o meu filho nasceu às 8h08. Poderia ter sido ainda mais rápido se ele não voltasse a subir de cada vez que estava quase a sair. Acabei por saber que se devia ao facto de trazer duas voltas do cordão ao pescoço...
A experiência do parto foi para mim incrível e memorável. Uma equipa maravilhosa permitiu-me descontrair e rir durante todo o processo, o meu marido esteve sempre lá a apoiar e graças à epidural- que recomendo vivamente- pude viver todos os momentos de forma ainda mais intensa.
Foi maravilhoso sentir o meu filho no meu peito pela primeira vez e ver as suas feições. Tornarmo-nos mães é uma experiência indescritível.
Não sei se haverá próxima vez, mas se existir, espero vivamente que seja tão simples e maravilhosa como foi esta.
Cada parto é um parto e cada mulher suporta a dor de forma diferente. Felizmente para mim posso afirmar que aquela hora, que sempre desejam que seja pequena, o foi de facto.
Ainda assim não consegui evitar as lágrimas...mas de felicidade. Ver o nosso rebento pela primeira vez é um momento tão intenso, que por mais fortes que queiramos ser dificilmente resistimos. E é nesse primeiro momento, nessa primeira troca de olhares, que descobrimos verdadeiranente a nossa razão de existir. Aquele pequeno ser a que acabamos de dar vida será, até ao fim dos nossos dias, aquele por quem jubilaremos ou nos deixaremos cair...

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