Estupefacta. Atónita. Incrédula.
Foi desta forma que fiquei após bater com os olhos na ementa do infantário do meu filho. Nunca o havia feito antes porque de manhã a pressa é sempre mandatária, e entre deixar a mochila, vestir o bibe, levá-lo à sala e assinar o registo de entrada, olhar para mais um papel afixado no placard era coisa que nem me passava pela cabeça. Mas um destes dias fui com tempo e lembrei-me de ver o que era o almoço. Claro que já sabia que ao passar para a sala nova iria começar a comer de tudo, como os meninos mais velhos. Mas ele estava preparado para isso, até à data tinha aceitado bem a comida e tal não me chocava. Porém, ao ver que na lista de sobremesas constava, nessa segunda-feira pão com chocolate e na quinta-feira seguinte um pudim não pude, como mãe, deixar passar em branco o assunto. Pior ainda quando descobri que era assim semana após semana, ora gelatina, ora mousse de chocolate, ora arroz doce ora outros mais.
Abordei o assunto com a educadora e com a Directora Pedagógica, solicitando-lhes que daí em diante substituíssem essas sobremesas por fruta pelo menos para o meu filho. Não aceitaram bem a minha intervenção apesar de dizerem entender as minhas razões para não querer que dessem doces ao meu filho, que ainda nem completou os 14 meses. Não cederam nunca. Exigiram-me a apresentação de uma declaração médica, justificando-se com os outros pais e imensidade de outros pedidos por parte dos mesmos. Remeteram-me para a leitura do regulamento da instituição, onde a mesma declaração é referenciada para a eventualidade de serem necessárias excepções alimentares.
Refeita dos nervos e da vontade de lhes partir a cara (deveria ser do senso comum não dar este tipo de alimentos a crianças tão pequenas!), liguei ao médico a expor a situação e fui pessoalmente buscar a declaração que ele logo se prontificou a passar, concordando plenamente comigo.
Ainda não entendo como é possível os pais não se manifestarem relativamente a este ponto da ementa. Será que é por desleixo? Por não saberem? Por não se interessarem?
Chocam-me tanto a inércia dos outros pais como a falta de sensibilidade das colaboradoras da instituição para este tema. Nunca me tinha apercebido do facto e nem imaginava ser possível. Tanto se ouve falar de obesidade infantil e a própria instituição a contribuir para ela?
O meu filho terá tempo de provar tais iguarias. Terá tempo de fazer birras para lhe darmos chupa chupas, terá tempo para se lambuzar de chocolate e trabalhar para a formação das cáries dentárias. Acho que ainda é muito cedo. Não sou melhor nem pior que outras mães. Mas preocupo-me. E não vou permitir que ignorem pedidos meus, porque o meu filho não frequenta o infantário de borla e porque é dever delas, como educadoras, contribuírem também para um desenvolvimento saudável das nossas crianças.
Tinha vontade de lhes dar com a declaração nas ventas, para verem que não fico parada a deixar passar. Mas entreguei-a apenas, porque as responsáveis directas não estavam por lá.
A ver vamos como procedem agora. Não estarei para ver, mas tenho por lá olhos e ouvidos atentos…
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