9 de maio de 2011

Muitos brinquedos, muita dispersão

Resultado de um consumismo extremo (o mesmo que levou o país ao ponto de ruptura), ou culpa do egoísmo a verdade é que os pais têm, erradamente, tendência para comprar e oferecer aos filhos grande parte do que a publicidade oferece.
Sempre fui contra este conceito, e creio que o devo muito à educação que me foi dada pelos meus pais, pois cedo aprendi a dar valor às coisas que me chegavam às mãos, muitas vezes já fora de tempo ou com a clara intenção de ser dividido com a minha irmã.
Tenho por convicção que, desde cedo, as crianças devem aprender valorizar o que lhes é dado e não a tomá-lo como algo adquirido, que obtêm sem grande esforço. É um erro tentar projectar nelas a infância que eventualmente não tivemos. Mas é um erro ainda maior compensar a falta de tempo que lhes dedicamos comprando e oferecendo bens materiais, nomeadamente brinquedos.
Com seis meses, o meu filho tem já uma parafernália de objectos coloridos, que emitem sons, que despertam a curiosidade e incentivam a imaginação. Nós, pais, apenas lhe comprámos um - um ginásio de actividades - por o considerarmos um estímulo ao seu desenvolvimento.
Grande parte dos brinquedos que me enchem a sala só servem para isso mesmo, ocupar espaço. Embora seja ainda pequeno, a verdade é que não dá importãncia à grande maioria e tendencialmente opta pelos mesmos brinquedos.
Já fiz a experiência: se lhe der a devida atenção e entrar na brincadeira, as minhas mãos são o suficiente para despertar nele verdadeiras gargalhadas, pois facilmente se diverte a brincar com os meus dedos.
Acredito que é bom haver brinquedos, claro. Mas não aceito o exagero nem compreendo os gastos exagerados com objectos que, por mais educativos que possam ser, só servem durante um curto espaço de tempo.
Talvez tenha uma forma antiga de ver as coisas, mas é com base nela que pretendo educar o meu filho. Se depender de mim não terá tudo só porque os outros têm...

A Saber
"Uma grande quantidade de brinquedos provoca dispersão da atenção e incapacidade de investimento em cada coisa por parte da criança. As crianças pequenas sentem-se perdidas num ambiente saturado de estímulos e simplesmente esquecem o que está guardado nas caixas e no armário.
A criança desenvolve a sua inteligência e personalidade brincando. Os objectos com que brinca ajudam a despertar a imaginação, a fantasia, e a relacionar-se com o mundo das coisas e das pessoas.
Se são muitos e ao mesmo tempo, a criança não tem tempo de construir uma relação com eles. Dispersa-se e cansa-se depressa. Como alguns são tão sofisticados que só falta falarem, é provável que não deixem espaço para o faz de conta. Rapidamente deixarão de ser atractivos. "
Teresa Paula Marques, Psicóloga Clínica, in familia.sapo.pt

1 comentário:

  1. daqui 6 meses nao sabes onde metes tanto brinquedo. ;)

    Nós pensamos igual e foi poucos brinquedos que compramos nestes 31 meses mas ele tem uma arca cheia deles. Pq toda a gente dá, é avós, tias, primas, padrinhos, amigos. e peluches? Aqui já canta o Panda, o ruca, o Noddy, a pantera cor de rosa, e todos os animais que se pode pensar...
    Nunca ligou muito mas agora quando chega da creche diz que vai "bincar com os binquedos"

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