12 de janeiro de 2011

Momentos menos bons em dias mais ou menos


Numa incursão pela internet encontrei à dias um artigo de Eduardo Sá, conhecido psicólogo, psicanalista e professor de psicologia clínica cujos textos muito me fascinam, no qual se podia ler a seguinte afirmação:
"Não é verdade que, sempre que são, repetidamente, acordadas, as mães desçam do paraíso até ao berço. Por vezes, são – simplesmente – automáticas na forma como amamentam ou mudam a fralda (por exemplo) e, pior, resmungam, rezingam e…  assustam."
Revi-me nesta frase, como certamente muitas outras mães, pois não é de todo possível estarmos continuamente de sorriso no rosto, deliciadas e prazerosas com todas as actividades maternais. Quem o afirma mente ou está a enganar-se a si mesma.
As noites mal dormidas são talvez a principal causa do desgaste, sobretudo numa fase inicial em que se perde a conta às vezes que se faz o percurso da cama até a berço e do berço ao muda fraldas...
Sim, é verdade que somos muitas vezes automáticas e acabamos por agir mecanicamente, tal qual robôs, e não por prazer. Já conhecemos os passos de cor, damos cada um deles até com os olhos entreabertos: levantar - pegar no bebé - sentar - amamentar - pôr a arrotar -voltar a levantar - mudar a fralda - deitar o bebé... tentar dormir mais um bocadinho. Perdi já a conta, por exemplo, às vezes que amamentei e dormitei em simultâneo quando o que se espera do momento é a troca de olhares entre mãe e filho, o intensificar da sua relacção afectiva. E sim, também é verdade que resmungamos. Quantas vezes o fiz por não conseguir calar o seu choro, por não conseguir adormecê-lo quando era preciso aproveitar esse curto período de tempo para fazer tantas outras coisas que acabei sempre por deixar para trás...
Não quer isto dizer que gostamos menos dos nossos filhos e não quer isto dizer que temos de nos culpabilizar por não nos sentirmos, por vezes, tão disponíveis como deveríamos.
Por mais que amemos os nossos filhos, amor esse que assumo ser, no meu caso, incondicional, todas passamos por momentos de exaustão, acabando por deixar vir à tona muitas das nossas fraquezas. Porque afinal de contas somos mães, mas também somos seres humanos...

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